O país onde influenciadores do TikTok e do Instagram são presos por "indecência"

Mawada al-Adham foi uma das cinco jovens condenadas por conteúdo em redes sociais. Foto: AFP
Condenação de cinco jovens influenciadores despertou reações opostas no Egito; alguns, nesse país de maioria muçulmana e conservadora, acreditam que os vídeos são indecentes, para outros, são apenas uma forma de diversão e não podem causar punição, muito menos a prisão. As informações são da BBC Brasil.

Mawada é uma das cinco jovens que receberam a mesma sentença de prisão, além de uma multa equivalente a quase R$ 110 mil. 

Rahma afirma que sua irmã influenciadora trabalhava como modelo nas redes sociais para diversas marcas conhecidas. "Ela era muito ambiciosa, sonhava em ser atriz. Por que ela? Algumas atrizes se vestem de um jeito bastante explícito, mas ninguém toca nelas."

Segundo a entidade de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional, investigadores usaram 17 fotos de Mawada como provas de sua "indecência". A influenciadora argumenta que essas imagens foram vazadas de seu telefone celular depois que ele foi roubado no ano passado.

Mawada desmaiou quando soube de sua condenação, segundo seu advogado, Ahmed Bahkiry. "Ela está totalmente devastada, e as acusações são muito vagas."

E acrescenta: "Prisão não pode ser a solução, mesmo que alguns vídeos vão contra normais sociais e tradições. Prisões criam criminosos. As autoridades deveriam ter adotado a reabilitação."

A condenação das cinco jovens influenciadoras despertou reações opostas no Egito. Para alguns nesse país de maioria muçulmana e conservadora, os vídeos de Mawada são indecentes. Outros veem apenas uma jovem se divertindo em seus vídeos, algo que não é passível de punição, muito menos de prisão.

Grupos de defesa dos direitos humanos consideram a prisão dessas garotas como uma tentativa de restringir a liberdade de expressão. "São novas táticas repressivas para controlar o ciberespaço", afirmou a Anistia Internacional.

Estima-se que no Egito existam dezenas de milhares de presos políticos, incluindo liberais, islamitas, jornalistas e advogados da área de direitos humanos.

Entre aqueles que defendem a soltura das cinco jovens está a organização Egyptian Commission for Rights and Freedoms, baseada no Cairo. O diretor-executivo da ONG, Mohamed Lotfy, afirma que esses casos têm sinais claros de discriminação de gênero.

Enquanto isso, como resultado da prisão da irmã, Rahma afirma que sua mãe mal consegue sair da cama. "Ela chora o tempo inteiro. Algumas vezes agora no meio da noite e pergunta se Mawada voltou para casa."

Fonte: www.bbc.com

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